terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Conceitos Básicos em Sociologia

Segue o último trabalho entregue na disciplina de Sociologia I. Aborda uma série de conceitos fundamentais baseados em alguns capítulos do livro Sociologia, de Anthony Giddens. Uma fonte interessante para quem busca noções introdutórias e resumidas.


TRABALHO SOBRE CONCEITOS BÁSICOS EM SOCIOLOGIA


1. O QUE É SOCIOLOGIA?

1.1. Imaginação Sociológica

É a capacidade desenvolvida pelos sociólogos de cultivar sua sensibilidade social e ampliar sua visão de mundo, de modo a conceber e inserir as circunstâncias da vida em uma perspectiva menos imediatista e mais abrangente.

1.2. Estrutura social

A estrutura social consiste na idéia de que os acontecimentos individuais dependem muitas vezes da manifestação coletiva de determinados padrões ou regularidades que tanto podem estruturar nossos cotidianos como serem reestruturados por cada um de nós.

1.3. A lei dos três estágios de Comte

As tentativas de compreensão do mundo, segundo Comte, passariam por três estágios sucessivos: o teológico, baseado em idéias religiosas; o metafísico, que introduz explicações em termos naturais; e o positivo, fundamentado na racionalidade científica.

1.4. Fato social (Durkheim)

Fatos sociais são fenômenos dotados de uma realidade própria, externos aos indivíduos e que atuam sobre eles de modo coercitivo, ainda que não se tenha consciência disso. A economia, a religião, a linguagem e as leis ilustram a interferência dos fatos sociais.

1.5. Solidariedade mecânica e orgânica

Durkheim aprofundou-se nos estudos da solidariedade para identificar o que mantinha as sociedades unidas e contribui para sua harmonia.
Ele distinguiu duas formas de solidariedade: a mecânica, apoiada no consenso e na similaridade de crença entre sociedades tradicionais com pequena divisão do trabalho; e a orgânica, estruturada pela interdependência econômica e reconhecimento mútuo predominantes entre sociedades industriais com elevada especialização de tarefas.

1.6. Anomia

A anomia, na conceituação de Durkheim, é um sentimento de angústia e perda de significado sofrido pelos indivíduos com dificuldade em aceitar e se adequar ao surgimento de valores sociais novos e estranhos aos referenciais antigos que regulavam suas vidas.

1.7. Concepção de capitalismo (Marx)

Para Marx, o capitalismo é um sistema de produção capaz de prover mercadorias e serviços em uma escala nunca antes imaginada. A dinâmica deste sistema é movida por dois grandes agentes produtivos: o capital, que pertence aos capitalistas; e a mão-de-obra assalariada, que na época de Marx era basicamente composta pela emergente classe operária industrial urbana, designada também como proletariado.

1.8. Luta de classes

No âmbito da teoria de Marx, o capitalismo é um sistema necessariamente conflituoso, devido à luta desigual de classes verificada entre os capitalistas (detentores do capital) e os trabalhadores (ofertantes de força de trabalho). Tais disputas, de motivação acentuadamente econômica, tendem a se acirrar com o tempo.

1.9. Concepção materialista da História (Marx)

A concepção materialista da história, formulada por Marx, postula que as transformações sociais são desencadeadas prioritariamente por questões econômicas, expressas através de lutas de classes. Portanto, são estas lutas de base material que impulsionam e condicionam o desenvolvimento da história humana.

1.10. Ação Social e estrutura (Weber)

Em contraposição a Durkheim e Marx, que privilegiavam demasiadamente a noção de estrutura, Weber preferiu enfatizar o conceito de ação social, afirmando que as mudanças originam-se fundamentalmente a partir de motivações e idéias humanas. Para ele, caberia à sociologia desvendar a complexidade das ações que sustentam as estruturas.

1.11. Tipo ideal (Weber)

Tipos ideais, na concepção de Weber, são modelos hipotéticos e puros de análise, aplicados às categorias sociais, como estratégias metodológicas de compreensão do mundo.

1.12. Racionalização e desencantamento (Weber)

A racionalização consiste na adoção generalizada de critérios técnicos e princípios de eficiência sobre os mais variados âmbitos de organização e atuação da humanidade.
O desencantamento, nesse mesmo raciocínio, refere-se à tendência de esvaziamento das explicações subjetivas para dar lugar ao apogeu do pensamento científico.


2. CULTURA & SOCIEDADE

2.1. Conceito de cultura

A cultura tem um significado amplo e diversificado. Refere-se ao conjunto de tradições, modos de vida, expressões artísticas, acervos lingüísticos, práticas religiosas, estilos de vida e demais manifestações da singularidade humana que caracterizam e distinguem os povos e grupos entre si. Engloba tanto aspectos tangíveis (materiais) quanto intangíveis (simbólicos).

2.2. Socialização

A socialização é o mecanismo social que possibilita a transmissão, o aprendizado e a incorporação dos padrões e conteúdos culturais vigentes em uma dada sociedade.

2.3. Papel social

Papel social são expectativas e representações coletivas de condutas e comportamentos, determinadas pelas tradições e valores específicos de cada sociedade, em relação às diferentes funções, profissões e demais atribuições assumidas pelos indivíduos.

2.4. Identidade social

A identidade social compreende a maneira como uma pessoa é vista e definida pelos outros, de forma a retratar como essa pessoa aparentemente é e permitir assim sua identificação junto a pessoas que compartilham em linhas gerais seu mesmo perfil.

2.5. Colonialismo

Colonialismo foi o processo de ocupação ou invasão territorial empreendido pelos países ocidentais, marcadamente europeus, sobre regiões e áreas originalmente habitadas por sociedades tradicionais, como é o caso dos povos indígenas e africanos.

2.6. Mudança social

A mudança social refere-se a fenômenos vitais de transformação das estruturas subjacentes, paradigmas societais ou instituições fundamentais de uma determinada época. Uma boa ilustração desse tipo de mudança foi a transição do feudalismo para o capitalismo. Os dois últimos séculos vêm testemunhando transformações notavelmente aceleradas.


3. UM MUNDO EM MUDANÇA

3.1. Concepção de globalização

A globalização é um fenômeno complexo e multifacetado, sendo mais apropriado falar-se pluralmente em globalizações: econômica, tecnológica, social, política e cultural. A concepção da globalização sustenta-se nas idéias chaves da dissipação das fronteiras geográficas e comunicativas e da crescente integração e interdependência dos países e instituições.

3.2. Impactos da globalização sobre nossas vidas

O cotidiano está sendo redefinido em função dos impactos da globalização. Assim como estamos cada vez mais sujeitos à influência daquilo que acontece no resto do mundo, nossas decisões e ações individuais passaram a adquirir uma repercussão sem precedentes. Um exemplo bastante visível dessas interações advém das possibilidades abertas pela internet.


4. CLASSES, ESTRATIFICAÇÃO E DESIGUALDADE

4.1. Estratificação social

É a divisão da sociedade em camadas distintas, representando a desigualdade de estratos que compõem a estrutura social. A estratificação social acentua as dimensões, processos e implicações sociais que permeiam tais divisões entre os agrupamentos humanos.

4.2. Escravidão, castas, estamentos

Escravidão, castas e estamentos são sistemas básicos e distintos de estratificação.
A escravidão priva a liberdade das pessoas, tornando-as propriedade de outras.
As castas são camadas hierárquicas que distinguem e ordenam culturalmente os indivíduos. São típicas da Índia e estão vinculadas à tradição hindu da reencarnação.
Os estamentos representavam estratos demarcados por obrigações e direitos próprios. Foram característicos de civilizações tradicionais como o feudalismo europeu.

4.3. Classes sociais, meios de produção, exploração e mais-valia (Marx)

No entendimento de Marx, as classes sociais correspondem a conjuntos de pessoas identificadas pelo mesmo padrão de relação com os meios de produção.
Os meios de produção constituem os instrumentos de geração de bens e riquezas de uma sociedade. Através deles, as classes obtêm seu sustento. Antes, os principais meios eram a terra e o gado. Com a industrialização, passaram a ser as máquinas e o capital.
Exploração é uma relação desigual em que as classes sociais ricas, donas dos meios de produção, buscam tirar vantagens, sobretudo econômicas, sobre as classes pobres.
Mais-valia, ainda segundo Marx, é o excedente (lucro) extraído pelos capitalistas (empregadores) a partir da exploração da mão-de-obra dos trabalhadores, quando estes são levados a trabalhar mais do que o necessário para compensar os custos de produção.

4.4. Status (Weber)

O status, conforme Weber, é um mecanismo de estratificação baseado na honra ou prestígio social diferenciados de cada pessoa ou grupo em relação aos demais. A profissão, a formação acadêmica, o local de moradia, o vestuário e a marca do carro são símbolos recorrentes de status, especialmente na sociedade capitalista ocidental.

4.5. Classes sociais, capital cultural e econômico (Bourdieu)

Os estilos de vida e os padrões de consumo, na visão de alguns sociólogos contemporâneos, vêm se tornando elementos crescentemente determinantes das identidades individuais, e, conseqüentemente, das classes sociais nas quais as pessoas se situam.
As classes sociais, para Bourdieu, são definidas em função de duas ordens de fatores: o capital cultural e o capital econômico.
Ele compreende que a posição social dos indivíduos é marcada cada vez mais pelas atividades culturais e de lazer, enquanto que os tradicionais padrões econômicos e profissionais vêm exercendo uma influência menos relevante do que outrora.

4.6. Mobilidade social

A mobilidade social compreende o movimento de transferência de indivíduos e grupos sociais ao longo das diferentes classes e posições sócio-econômicas. A mobilidade pode ser vertical, quando o nível de vida varia; e lateral, quando envolve deslocamento geográfico.

( PABLO ROBLES )